segunda-feira, 1 de maio de 2017

(POEMA) Florzinha sob o Caos

Arno Brecker

Ó doce florzinha,
tão pálida e pequenina,
tão frágil, ó menina,
qual é o segredo que germina
e existência te dá,
e resistência também,
neste mundo onde vão e vêm
a dor, a morte, a impermanência e o caos?

Ó minha anjinha,
tão sensível e tão levada,
quando os ventos mornos
te levarem para longe
e então te abandonarem,
o que farás em meia-estrada
sozinha, indefesa e machucada?

Ó livre andorinha,
princezinha dos céus,
por que te vais sempre mais longe
em busca do alaranjado,
no horizonte açucarado,
se o sol é o mesmo todo dia
e encontrarás apenas a noite?

Ó transparente cristal,
por que te maculas te afundando
na lama, te fazendo perder
em movediça areia decaindo,
para onde te encontrar ninguém
poderá, nem mesmo querendo?

Ó filha de Selene,
luz fria e tenebrosa,
ó minh'alma manifesta
em doçura amorosa,
assim tão longe não te percas,
assim tão grave não te machuques,
assim tão feio não de mudes,
assim tão dolorsamente
não me mates. [01/05/2017]