quinta-feira, 14 de abril de 2016

(POEMA) O Resgate de Wotan

Peter Nikolai Arbo
Soam as trombetas:
aos que escutam, Wotan chama;
estão postas as valkírias,
e elas veem pelos hinos
que ainda arde intensa chama

no gelo do vale da morte;
um mensageiro reúne e guia
as almas quentes e sofridas
para o inefável reino do norte.

Despedaçam-se as montanhas
e as grutas se põem a gemer;
loucos uivam os cães,
e o chão, rompendo, não os pode mais conter.

Mas sopra e assovia o vento
a resgatar as almas quentes:
como pássaros, se põem a voar
e às valkírias, enfim, emigrar. [14/04/2016]

(POEMA) A Mensagem de Zeus

Karl Wilhelm Diefenbach

A escuridão impenetrável
oculta uma mensagem,
mas querem os céus que viaje
nela uma alma obstinada

Das imensuráveis nimbus,
então, capta a alma um som;
cacos de luzes são
os predizeres sobre um deserto dormindo.

Troa Zeus no alto
e através das nuvens abre caminho,
e avisa ao que está no caminho
que dos tempos haverá um salto:

tempestades se aproximam
e os céus já desabam;
são os deuses que combatem,
e haverá sol só quando raiar de cima. [14/04/2016]

quinta-feira, 7 de abril de 2016

(POEMA) A Queda do Anjo

William Adolphe Bouguereau

O anjo querido do Pai,
em glória a Ele e à sua imponência,
o presenteia com a obra;
o Pai, resoluto, já não fala,
enquanto a obra vive com violência.

A obra vive e transluz e,
falando e cantando e dançando,
o que o Pai conhece ela diz demais;
o anjo, mirando a riqueza maravilhado,
se põe a admirar o espetáculo.

Mas qual não foi a desgraça
da inocente criatura divina quando,
ao se voltar para a obra viva,
se esquecendo do caminho tropeça e,
as asas perdendo, cai e se fere! [07/04/2016]